Casamentos Mistos
Atendendo as graves advertências feitas por Deus, os israelitas tinham muito cuidado em não macular sua impureza religiosa, casando-se com gentios. Mas geralmente havia muitos casamentos misto entre o povo, com grandes prejuízos para eles. Isso aconteceu durante toda a história da nação. Moisés mesmo se casou com uma midianita.
E Moisés consentiu em morar com aquele homem; e ele deu a Moisés sua filha Zípora,
(Êx 2:21).
E o rei Salomão também estava sempre tomando por esposa mulheres estrangeiras , o que fazia parte dos acordos de paz que celebrava o país de origem delas.
E O REI Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias, (1 Rs 11:1)
Mas, apesar disso, havia uma grande preocupação em proibir o casamento com indivíduos de outras religiões, e em se orientar o povo a esse respeito.
Para que não faças aliança com os moradores da terra, e quando eles se prostituirem após os seus deuses, ou sacrificarem aos seus deuses, tu, como convidado deles, comas também dos seus sacrifícios, E tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas filhas, prostituindo-se com os seus deuses, façam que também teus filhos se prostituam com os seus deuses. (Êx 34:15,16)
Esses relacionamentos infalivelmente enfraqueciam a fé dos hebreus.
Acabadas, pois, estas coisas, chegaram-se a mim os príncipes, dizendo: O povo de Israel, os sacerdotes e os levitas, não se têm separado dos povos destas terras, seguindo as abominações dos cananeus, dos heteus, dos perizeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios, e dos amorreus. Porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a linhagem santa com os povos dessas terras; e até os príncipes e magistrados foram os primeiros nesta transgressão(Ed 9:1,2).
Contudo, a despeito de todas as tentativas para se manter pura a raça, houve certos eventos que dificultaram esse esforço - os exílios dos israelitas para Assíria e Babilônia, por exemplo. O povo foi levado de suas terras para estes países e lá se casaram com gentios. Os samaritanos eram remanescentes do Reino do Norte que se casaram com estrangeiros transportados para Israel pelos assírios. Os filhos deles já não eram considerados israelitas.
A Bíblia condenava todo tipo de casamento misto, mas mesmo assim houve muitas dessas uniões durante todo o período bíblico. No novo Testamento, é condenado o casamento com incrédulos.
Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? (2 Co 6:14,15).
A Cerimônia Nupcial
Os judeus sempre gostaram muito de festas, festejos, e comemorações bem elaboradas. O casamento era motivo para festejos alegres, cheios de animação, que poderiam durar até uma semana ou mais. Haviam casos em que parentes viajavam longas distâncias para assistirem ao evento, e todos os amigos e vizinhos concorriam à casa. Muitas vezes, os casamentos eram realizados no outono, após a colheita, para que pudesse ser assistido pelo maior número de pessoas possível.
As testemunhas, tanto do lado da noiva como do noivo, eram sempre em grande número. O noivo tinha por costume escolher uma amigo para ser o seu "paraninfo" (Jz 14.20 - I.B.B), que no Novo Testamento é chamado de "amigo do noivo".
Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já este meu gozo está cumprido.
(Jo 3:29).
Antes do casamento havia um cortejo nupcial. A noiva saia de sua casa acompanhada das pessoas que formavam seu grupo; o noivo vinha de outro lugar por ele escolhido. o destino era a casa do pai do noivo. Supõe-se, por isso, que era ele quem arcava com as despesas da festa. Os dois grupos eram constituídos de amigos de cada um, que iam tocando instrumentos musicais ou cantando e espalhando flores pelo caminho. Quase sempre, eles cantavam as tradições musicais de casamento, das quais, às vezes, constavam versos de amor de Cantares (3.6). É a esse cortejo que Jesus se refere ao narrar a parábola das dez virgens (Mt 25.1-13). A função delas era acompanhar o noivo à cerimônia.
A noiva, que geralmente era transportada numa liteira, ia sempre muito enfeitada, vestida com belos trajes e as jóias mais vistosas que o casal pudesse arranjar. Era comum eles passarem muitos meses preparando as roupas para essa ocasião especial. Tradicionalmente, a noiva tinha que usar um véu sobre o rosto, que só seria removido quando os dois estivessem a sós. Os convidados também usavam roupas festivas ou vestes nupciais.
E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. (Mt 22:11)
A cerimônia nupcial era chamada de huppar, que significava "toldo". Era possível que a noiva e o noivo ficassem sentados debaixo de um toldo durante parte da cerimônia. Ao que parece, não havia a presença de um religioso ou um juiz no casamento, sendo pois um paralelo da prática antiga observada por Isaque e Rebeca. (Ele simplesmente conduziu a noiva para a tenda de sua mãe, e assim se tornaram marido e mulher. Os votos matrimoniais e compromissos tinham sido feitos anteriormente - Gn 24.67) O casal se colocava diante dos amigos e parentes que provavelmente recitavam passagens bíblicas ou textos da sabedoria tradicional. Mas em vez de uma cerimônia silenciosa e reservada, o grupo participava do evento com muita alegria e animação.
Depois então os noivos eram deixados a sós para consumar a união, em uma tenda ou quarto, previamente preparado para ser a câmara nupcial. E enquanto o casal consumava o casamento, os convidados continuavam a festejar. Tocavam instrumentos musicais, dançavam, cantavam e faziam jogos. Comida e vinho eram distribuídos em abundância.
E embora isso possa parecer estranho aos nossos olhos de ocidentais, algum tempo depois o casal saia da câmara nupcial trazendo as provas de que a noiva era virgem, e de que eles haviam se unido. Feito isso, os recém-casados se juntavam ao resto dos convidados, e as comemorações continuavam ainda durante sete dias ou mais, grande parte da festa sendo realizada do lado de fora. Foi numa dessas festas que pediram a Jesus para providenciar mais vinho (Jo 2.1-11).
A parábola das bodas narrada por Jesus nos dá mais uma informação sobre um casamento em famílias ricas (Mt 22.1). Bois e novilhos cevados eram abatidos, pois geralmente se esperava que todos os convidados comparecessem. No caso dessa parábola, eles não apareceram, e o rei ficou grandemente encolerizado.
Entre eles havia o costume também de atirarem frutas e sementes para o alto à frente dos noivos. Isso era quase uma superstição, pois significava que estavam-lhes desejando felicidades e muitos filhos alegres e saudáveis.