d) - O preço de material para escrever pode influir também. Não era tão fácil calcular o espaço necessário para fazer um livro. Que fariam se cortassem o couro e descobrissem 30 ou 40 páginas de couro sobrando no livro? Naturalmente encheria com conteúdo devocional. A tendência seria de misturar livros bons com os canônicos até o ponto que os não canônicos fossem aceitos como canônicos. e) Os livros não canônicos não foram recebidos durante os primeiros quatro (4) séculos. Melito, o bispo de Sardis em 170 D.C., visitou a Judéia para verificar o número certo de livros do Velho Testamento. A lista que ele fornece, inclui os livros canônicos do Velho Testamento, menos Ester (porque não reconheceu entre os apócrifos) e não incluiu os apócrifos.
ORÍGENES, o erudito do Egito, com uma grande biblioteca, incluiu os 39 livros do Velho Testamento, mas em 22 e seguindo a lista ele fala: "Fora destes temos os livros dos Macabeus". Outros pais da Igreja, como Atanásio, Gregório de Nazianzus de Capadócia, Rufinus da Itália e Jerônimo, nos deixaram com uma lista que concorda com o cânon hebraico.
JERÔNIMO, que fez a Vulgata, não quis incluir os livros apócrifos por não considera-los inspirados, porém, os fez por obrigação do bispo, não por convicção, mesmo assim só traduziu Judite e Tobias, os outros apócrifos foram tirados diretamente dos versos latinos anteriores. Parece que a única figura da antigüidade a favor dos apócrifos era Agostinho, e dois Concílios que ele mesmo dominou (393 e 397). Porém, outros escritos dele (A cidade de Deus) parecem revelar uma distinção entre os livros canônicos e os apócrifos (17.24; 18.36,38,42-45).
GREGÓRIO, O GRANDE, papa em 600 D.C., citando I Macabeus falou que não era um livro canônico, e o cardeal Ximenis no seu poligloto afirma que os livros apócrifos dentro de seu livro, não faziam parte do cânon. Os livros apócrifos não foram aceitos como canônicos até 1546 quando o concílio de Trento decretou: "Este Sínodo recebe e venera todos os livros do Velho e Novo Testamentos, desde que Deus o autor dos dois, também as tradições e aquilo que pertence a fé e morais, como sendo ditados pela boca de Cristo, ou pelo Espírito Santo". A lista dos livros que segue inclui os apócrifos e conclui dizendo: "Se alguém não receber como Sagradas e canônicos estes livros em todas as partes, como foram lidos na Igreja Católica, e como estão na Vulgata Latina, e que conscientemente e propositadamente contrariar as tradições já mencionadas, que ele seja anátema". Para nós o fator decisivo é que Cristo e seus discípulos não os reconheceram como canônicos, pois não foram citados por Cristo nem os outros escritores do Novo Testamento!
O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
Pelo Cânon do Novo Testamento queremos falar a coleção de 27 livros do Novo Testamento considerados como a norma ou regra de fé para a Igreja de Cristo. Surgem logo perguntas a respeito do cânon do Novo Testamento. Como e quando chegaram a ser reconhecidos como livros inspirados? Qual a base para a seleção destes livros e por que rejeitaram outra literatura da igreja daquele tempo? Vamos tentar responder estas perguntas, incluindo: Quando foram escritos estes livros?
O CONTEÚDO DO CÂNON NEO-TESTAMENTÁRIO
Como já notamos, o cânon do Novo Testamento tem 27 livros escritos em grego. Os primeiros cinco são de caráter histórico, sendo quatro os Evangelhos que contém ditos e feitos de Jesus Cristo, e um é o livro de Atos, escrito por Lucas, o autor do terceiro Evangelho. Temos 21 cartas escritas por Paulo, Pedro, Tiago, Judas e possivelmente mais um autor, se Hebreus não é paulino, é o livro de Apocalipse, escrito por João, o mesmo autor de um dos Evangelhos e três cartas.