Os Judeus são Deicidas?

Sobre uma única declaração - e mentirosa - toda uma gama de conceitos e preconceitos se levantam, crescem e causam os atos mais grandiosos e assombrosos. E é este exatamente o caso da mentira histórica de que os judeus são deicidas, ou seja, assassinos de Deus, por terem "matado" a Jesus.

Esta afirmação surgiu e se espalhou principalmente após o ano 300 d.C., quando o Cristianismo tornou-se a religião oficial do Estado Romano e, para justificar práticas muito pouco bíblicas que foram sendo acrescentadas a fé cristã, começou a haver uma repulsa e rejeição de tudo quanto era judaico ou referente aos judeus. E, um bom argumento era divulgar a idéia de que eles mataram a Deus quando levaram à execução a manifestação Divina em forma de homem, Jesus.

Muitas considerações poderiam ser feitas a esse respeito, como a verdade de que foram os soldados romanos que efetivamente mataram a Jesus e não os judeus; que os judeus não tinham a consciência da Divindade de Jesus, portanto incentivaram a morte de um homem considerado herege e não de Deus mesmo; e até mesmo o fato de que não foram todos os judeus que desejaram e planejaram a sua morte, mas alguns líderes judeus da época. No entanto, o que queremos destacar é que, sem maiores rodeios, o fato é que conforme bem afirmou o teólogo Romain Ralland Péguy, "não foram os judeus que crucificaram Jesus Cristo, mas os pecados de todos nós".

Estamos num tempo muito importante da história da humanidade. O desfecho de todas as coisas está muito perto. Portanto, mais do que nunca a verdade tem que ser anunciada e reconhecida. É tempo de desmistificar, de evoluir para o correto e abominar as manipulações do erro. É tempo, enfim, de corrigir os equívocos do passado e apresentar uma realidade condizente com toda a evolução tecnológica e de conhecimento a qual vivenciamos em nossos dias. Por isso, chega de enganos e mentiras, em todos os níveis! E, no que diz respeito aos judeus, quantos erros a corrigir...

É interessante como as pessoas precisam de muito pouco para condenar. Elas nem investigam, nem buscam fontes históricas. Ouvem falar, passam o que ouviram de pai para filho e assim vão levando, durante anos a fio as suas mentiras, deixando que elas causem as maiores catástrofes sem, contudo, sentirem o menor remorso por isso. Os judeus, as vítimas, estes sim, é que têm que se mobilizar e, através de pesquisas e investimentos para a divulgação da verdade, lutarem para a sua própria defesa.

Mas queremos ser diferentes e, como crentes gentios, levantamos aqui a bandeira de paz para os judeus. E isso com uma pesquisa na melhor fonte: a Bíblia. Para começar, destacamos que, em nenhum momento as Escrituras pós Jesus chamam os judeus de DEICIDAS. Esta afirmação não só não existe, mas nem tão pouco é insinuada na Bíblia. Ela atesta, sim, que alguns líderes judaicos (e não todos os judeus) investiram na morte de Jesus, mas o Jesus homem e não o Deus de Abraão, Isaque e Jacó: "Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a MORTE" (Mt 26:59).

É verdade que está registrado que não foram só os líderes judaicos que clamaram "Crucifica-o!", mas os principais dos sacerdotes incitaram a multidão persente para que fosse solto antes Barrabás. No entanto, não se pode dizer que todos os judeus faziam parte desta multidão, por razões bem óbvias: muitos judeus estavam na diáspora (dispersos por ouros países); os seguidores de Jesus podem até ter ficado omissos, mas não poderiam estar incluídos neste grupo; mesmo os judeus residentes em Jerusalém e arredores, quem pode dizer que todos estavam ali, naquele momento, acusando a Jesus? E mais, como acusar os judeus de todos os tempo e de todas as épocas por este "crime"?

A verdade é que sempre houve entre os judeus os crentes e os incrédulos. E as Escrituras confirmam que Jesus ressuscitou e muitos Judeus acreditaram, senão de imediato, depois das pregações dos apóstolos, como nos confirmam textos como o de Atos 2:

"Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos? E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas," (At 2:36-41)

Esta pregação de Pedro, feita na comemoração da Festa Judaica de "Shavuot" ou Pentecostes, foi totalmente dirigida aos judeus. Tivesse Deus rejeitado e condenado os judeus por terem sido "deicidas", porque Pedro e os outros apóstolos perderiam o seu tempo pregando a eles? E as pregações eram realistas. Pedro não omitiu que os próprios judeus tiveram parte na crucificação e morte de Jesus. Mas eles o haviam crucificado sem compreender. Porém, mais tarde, acreditaram Nele e esta culpa lhes foi perdoada.

Como bem afirma o escritor Jules Isaac , "o sangue do Senhor Jesus que eles haviam derramado foi perdoado aos HOMICIDAS. Não digo DEICIDAS, pois, se tivessem compreendido, não teriam crucificado o Senhor da Glória. O homicídio de um inocente lhes foi perdoado, o sangue que eles haviam derramado pela loucura, eles o beberam pela graça. E este sangue tornou-se uma causa de conversão parcial entre os judeus e será um dia uma causa de conversão total."

O mais significativo de tudo isso é que foi Jesus mesmo quem se entregou à morte, e não só pelos judeus, mas por todos nós. E é graças a este Seu infinito amor, que é a extensão do Amor do Pai, o Soberano Deus e Criador de todas as coisas, que todos nós temos o perdão de nossos pecados e transgressões e, como os judeus, jamais podemos dizer que a misericórdia de Deus falhou para conosco. Pois a misericórdia dos homens pode falhar (e para com os judeus, como os homens falharam, em seguidas gerações), mas a de Deus, NUNCA!

Portanto, que seja apagada da história a ignorante e condenatória declaração de que os judeus são deicidas. E que, no lugar, confirme-se que os judeus são, tanto quanto todos os povos, de todas as nações, necessitados da misericórdia Divina e por ela incessantemente presenteados, também tanto quanto nós.


Fonte: www.bibliabytes.com.br

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